A QUEM SE IDENTIFICAR POSSA

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Eu penso demais. Há quem viva mais. E pense de menos.

Há quem goste do caos. Há quem o ache insano. E deteste gritos.

Há quem seja curioso. Há quem não. E se afaste de fofocas.

Há quem queira saber a verdade. Há quem não.

Há quem goste de intensidade. E há os que preferem a paz.

Há quem não aceite opinião. Há os que aceitam. E se reavaliam. E reconsideram.

Há quem se ache o dono da verdade. Absoluta. Há quem não. Opinião é opinião.

Há quem faça sentenças gerais e absolutas. Há quem entenda as exceções.

Há quem seja confuso. Há quem seja claro.

Há quem faça terapia. Há quem tenha vergonha de dizer que faz.

Há quem seja tolerante. Há quem não.

Há quem faça piada de si mesmo. Há quem não.

Há quem se leve muito a sério. Há quem não.

Há quem ache tudo muito grave. Há quem não.

Há quem seja egocêntrico. Há quem não.

Há quem se exponha. E até goste de se revelar. Há quem paralise só de pensar.

Há quem goste (muito) de gente-boba. Há quem ache gente-boba boba.

Há os que acham que todo mundo devia ser igual. Há quem não. Socorro. Não.

Há quem se ache melhor que os outros. Há quem, sinceramente, não.

Há quem prefira não destoar. Há quem odeie não causar.

Há quem pare na primeira escolha. E se satisfaça. Há quem goste de novidade. E de opção. Ou variedade.

Há quem goste do padrão. Há quem não! Pelo amor de Deus, não. Tudo menos padrão.

Há quem ache o meio-termo chato. E goste de extremos. Há a turma do bom senso.

Há quem ache que equilíbrio é tudo. Eu estou pensando sobre o assunto.

Não sou moderninha ou subversiva. Nem conservadora demais. Mas sou da turma do caos.

Por enquanto.

OSCAR 2015: A BOA MENTIRA

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Gente, essa é uma pegadinha porque esse filme, pelo que eu pesquisei, não está concorrendo a nenhuma categoria do OSCAR 2015 – o que eu acho uma tremenda INJUSTIÇA!

Resolvi falar dele aqui pra vocês porque talvez o meu Oscar desse ano fosse pra ele.

Esse é o filme que eu tenho perturbado toda a minha a família, amigos e conhecidos pra ver – toda santa vez que encontro. Rs.Tô até meio chata por causa dele. Mas é que me tocou muito, gente.

O Filme todo tangencia o conteúdo do seguinte provérbio africano:

“Se quer ir depressa, vá sozinho. Se quer ir longe, vá acompanhado.” ❤

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Baseado em fatos reais, o filme conta a história dos MENINOS PERDIDOS DO SUDÃO, na perspectiva de irmãos que perdem o pai e a mãe numa guerra civil e precisam viajar milhares de quilômetros a pé (e descalços!) até o Quênia, em busca de “vida”. O filme mostra o choque entre a cultura, renda e conhecimento que diferenciam os africanos mais tocantes, puros e amorosos do mundo, da realidade atarefada, impaciente e desconfiada da América. Foi uma lição de vida, que mudou a minha.

“The Good Lie”, em inglês, é o primeiro filme americano do canadense Philippe Falardeau, diretor do premiado O Que Traz Boas Novas. Os produtores do filme contrataram atores sudaneses de fato para a realização do filme. Entre eles, duas antigas crianças-soldados no Sudão: o agora músico de Hip Hop Emmanuel Jal e o modelo Ger Duany.

Após a sofrida jornada em grupo rumo ao Quênia, em que muitos fatos marcantes ocorrem e alguns integrantes se “perdem”, passam-se 13 anos e o filme passa a centrar-se em alguns deles: três homens, Mamere Deng (Arnold Oceng), Jeremiah (Ger Duany) e Paul (musician Emmanuel Jal), e uma mulher, Abital Deng (Kuoth Wiel). Eles são agraciados ao verem seus nomes na aguardada lista do campo de refugiados do Quênia, como uns daqueles que teriam a oportunidade de sair do país e conseguir uma vida melhor nos Estados Unidos. Os 3 homens são acolhidos por uma assistente social, Carrie Davis (Reese Witherspoon), que, concentrada na dinâmica de sua própria vida, na correria e estresses do dia-a-dia americano, pouco conhece sobre o duro passado de cada um. Os 3 homens vão comovendo Carrie e os demais personagens do filme aos poucos, com sua fé cristã, seus valores e sua criação baseada em união, transparência e verdade estrita. Em contrapartida, há, obviamente, uma troca, e eles também aprendem a se portar e a se posicionar no mundo norte-americano, bem como a fazer algumas concessões, como é o caso de uma “boa mentira”. Você entende o que é a tal da “boa mentira” no decorrer do filme, de uma forma linda, profunda, comovente e inspiradora. Depois de assistir ao filme todo você compreende quão apropriado é o título escolhido. (#Segredos pra não dar uma de Spoiler)

O filme é especial porque não só põe à prova nossas consciências sobre a capacidade de termos as atitudes que vários personagens têm ao longo do filme, mas nos faz ter vontade de ser capaz de tê-las. Nos faz admirá-los. Fui tocada profundamente.

Fora que a trilha sonora é de arrepiar. Tô apaixonada pelas musiquinhas com um quê de África do filme. E vou deixá-las aqui pra vcs. Não vou deixar link do trailer porque acho que o trailer não tem nada ver com o filme. Portanto, esqueçam o trailer e confiem em mim! Rs. Depois me contem. O filme está no NET NOW no momento.

A primeira música, talvez minha preferida, conta com a participação do músico sudanês que faz o personagem do Paul! Chegou a entrar na lista da Academia dos indicados a melhor canção do Oscar 2015, mas não-sei-por-que-cargas-d’água não entrou! (discordo da Academia, seja lá quais forem os critérios que a deixaram desclassificada! Rs. Obs.: as categorias de melhor trilha sonora original e melhor canção são consideradas as mais “chatinhas”do Oscar, por terem uma série de requisitos que deixam ótimas canções de lado.)

Acho essa BELA e gostosíssima também:

Neste site aqui você encontra todo o soundtrack do filme (A música “The Story Of My Brothers” eu acho que pega bem a essência do filme na letra também e é fofíssima) e informações sobre a fundação que arrecada fundos para a causa dos Meninos Perdidos do Sudão.

Até o próximo filme minha gente!

O UMBIGO DO OUTRO.

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Animais. É isso que somos. Mamíferos placentários que desde o nascimento são marcados pelo umbigo. O próprio umbigo. O cordão umbilical é cortado e lá teremos aquela cicatriz, que fica pra sempre, pra nos lembrarmos da nossa condição de selvagens.

A vida inteira somos animais procurando o nosso espaço, as nossas vontades, os nossos gostos, as nossas comidas, o nosso amor – querendo encontrar e afirmar as nossas complexas personalidades. Com a diferença de que a nossa espécie – humana e privilegiada – foi presenteada com a capacidade de pensar mais elaboradamente, e de olhar com mais atenção para o umbigo do outro. Nesta ordem. Primeiro um, depois o outro.

Eu sei, isso demora. Pelo menos pra maioria. Me incluo nela. A necessidade desse olhar a gente descobre cedo. Os adultos ensinam aquele animalzinho de menos de 1,20 de altura a não azucrinar o coleguinha de óculos da escola, a não jogar bolinha de papel na professora, a pedir licença, a pedir desculpas. Eu sei, eu sei, regras. Assunto chato. Já tô parando. Já já chego onde quero.

A serenidade é um ideal. Difícil abafar o animal latente que há em nós. Nos emocionamos e concordamos com a sabedoria do provérbio de Salomão, que manda na lata a verdade, nua e crua: “tire um orgulhoso da sala, e não haverá brigas”. Pergunta-se: será que ele não era orgulhoso? Nem um pouquinho? Será que era mesmo tão evoluído? Será que conseguia auto domar-se com perfeição? Controlar seus instintos mais primitivos com constância?

A verdade é que tem gente que consegue se sair bem nessa tarefa. Eu conheço. E quero ser igual quando crescer.

Quando era pequena tinha medo de isso significar fraqueza – culpa da mídia, certeza. Entre a sem-graça, a desgraça e a nem-de-graça, eu só tinha pavor de ser a sem-graça. Acho que minha mãe se arrepende de ter rogado a Deus pra não ter filhas pombocas, pois imagino que não deva ter sido fácil lidar com 3 animaizinhos de sexo feminino – o que pode piorar um pouco as coisas – dentro de casa.

Tô deixando de achar tão-máximo-assim as mocinhas mimadas do cinema hollywoodiano, cheias de caprichos, orgulho e vontades, com suas poses e chiliques de donzela em apuros, pra dar valor às donzelas que se preocupam em se importar com o umbigo do outro. Que transigem. Que cedem para o bem do convívio geral. Que escutam. Que veem com benevolência a cicatriz do umbigo do outro. Gente fácil, sabe? Que tenta descomplicar. É essa gente que é lembrada. Amada. Que ganha poesia linda no epitáfio. É essa gente que tem ganhado a minha admiração e os meus suspiros. De verdade. Gente de verdadeiro brio.

E, o melhor de tudo, vai por mim – tô descobrindo que dá pra fazer isso sem precisar ser pomboca ou sem-graça. Desviar o olhar do nosso próprio umbigo, ser complacente, calar quando é preciso, observar e falar com calma nas horas difíceis é algo que divide espaço muitíssimo bem com um papel de protagonista solar, de alma brilhante, colorida, divertida e criativa. E é nessa junção que reside o verdadeiro poder. E é assim que nascem seres apaixonantes.

Chega a ser evidente que esse é o símbolo real da evolução da espécie, não? Tão óbvio que o princípio cristão do amor-ao-próximo só poderia nos favorecer. E é tão difícil de enquadrar. Às vezes doloroso de pôr em prática. Todo começo é difícil, vai. Mas tenho o grande palpite de que vale a pena tentar. Não é à toa que Manoel Carlos já confessou em entrevista que a característica que o inspira, encanta e mantém a intercessão entre as Helenas de suas novelas é a resignação, posto que divina, arrebatadora. E – se te faltavam argumentos – os machos piram.

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